A fissura anal é um pequeno corte ou úlcera na pele que reveste o canal anal, geralmente localizado na linha média posterior do ânus. Essa condição pode ser extremamente dolorosa e está frequentemente associada a episódios de constipação, esforço excessivo ao evacuar ou traumatismos na região anal. As fissuras anais podem ser classificadas como agudas ou crônicas, dependendo do tempo de evolução e da resposta ao tratamento. A maioria das fissuras agudas cicatriza espontaneamente com medidas conservadoras, e apenas uma pequena parcela (menos de 10% dos casos) evolui para a forma crônica.

O tratamento inicial é predominantemente clínico e apresenta taxas de sucesso entre 70% e 90% dos casos. Ele inclui o uso de medicações tópicas, como pomadas cicatrizantes e relaxantes musculares, medicações orais para controle da dor e melhora da circulação sanguínea local, além de orientações para a adequação do hábito intestinal, evitando episódios de constipação e endurecimento das fezes. Medidas simples, como aumento da ingestão de fibras e líquidos, bem como o uso de banhos de assento com água morna, também auxiliam no alívio dos sintomas e na recuperação da mucosa anal.

Nos casos em que o tratamento clínico não apresenta melhora significativa e a fissura se torna crônica, pode ser indicada a cirurgia. O objetivo do procedimento cirúrgico é aliviar a hipertonia do esfíncter anal interno, melhorar a vascularização local e promover a cicatrização da fissura, sempre priorizando a preservação da função anal. A escolha da técnica cirúrgica mais adequada deve ser feita de forma individualizada, levando em consideração o quadro clínico do paciente e os potenciais riscos e benefícios de cada abordagem.

Com um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, a maioria dos pacientes consegue uma recuperação completa, retomando a qualidade de vida sem desconfortos persistentes.